Teorias da conspiração fazem e sempre fizeram parte do imaginário das pessoas. A mais recente delas se desenvolve ao redor de um dos eventos de maior impacto nas últimas décadas: a crise financeira que varreu as principais bolsas de valores.
Por trás dela se esconderia um pequeno grupo de 100 pessoas visando acabar com a hegemonia dos Estados Unidos e, dessa forma, equilibrar o poder mundial com uma moeda única e livre comércio. Nada disso, é bom que se diga, foi comprovado, mas essa teoria que beira o delírio é defendida pelo americano H. Paul Heffers no livroThe Bilderberg conspiracy – inside the world’s most powerful secret society (A conspiração Bilderberg – por dentro da mais poderosa sociedade secreta, numa tradução livre).
“O objetivo do Bilderberg é eliminar as soberanias nacionais e criar um governo mundial”, escreveu Jeffers, que morreu em dezembro de 2009. Mas, afinal, o que é o Clube Bilderberg? O clube realmente existe, mas não se sabe o que é discutido ali dentro e, por isso, deu margem para Jeffers criar as mais mirabolantes teorias. “São personagens influentes na política, na mídia e nos negócios que se reúnem anualmente para discutir os rumos do planeta”, disse Heffers.
De acordo com o autor, eles seriam tão poderosos que planejaram todos os acontecimentos políticos relevantes desde 1954, o ano em que foi fundado. Da criação do bloco Nafta à ascensão de Bill Clinton à Presidência dos Estados Unidos; do sucesso dos Beatles à recusa da Inglaterra em adotar o euro, tudo isso teria passado pelas mentes dos bilderbergs. Só falta dizer que eles criaram o universo ou foram os verdadeiros assassinos de Odete Roitman.
É difícil acreditar que um pequeno grupo de pessoas tenha manipulado tantos acontecimentos. Mas, a julgar por seus integrantes, há quem fique com uma pontinha de dúvida. Nos últimos anos, já passaram pelo clube o casal Clinton; o ex-premiê britânico Tony Blair; o CEO do Google Eric Schmidt; o financista David Rockefeller; o investidor George Soros; a rainha Beatriz, da Holanda; entre outros.
Cada encontro dura, em média, três dias e acontece sempre em um hotel diferente. Nessas reuniões fechadas, o esquema de segurança é equiparável ao de chefes de Estado. Para se ter uma ideia, na edição que aconteceu em 2006, no Brookshotel, em Otawa, no Canadá, houve uma invasão de carros blindados com os vidros filmados.
Homens de terno preto e seguranças da firma Globe Risk se tornaram figuras facilmente reconhecíveis. Os hóspedes comuns foram dispensados e a polícia local ficou de plantão na frente do hotel. Qualquer pessoa, mesmo uniformizada, tinha que mostrar credenciais para passar. “A aura de mistério está ligada à falta de transparência das discussões e das decisões porventura tomadas nas reuniões. Isso dá margem a especulação”, diz João Amorim, professor do curso de relações internacionais da Universidade Anhembi Morumbi.
Pouco se sabe sobre o que é discutido, mas a gênese do clube se deu em meados dos anos 50, na Europa do pós-guerra. Na época, quatro homens criaram um grupo para tentar conter o avanço do comunismo. A idéia era reunir personalidades poderosas, em especial europeus, canadenses e americanos, em um espaço longe dos olhares e ouvidos dos jornalistas, para discutirem assuntos da política mundial livremente.
Os primeiros membros foram os príncipes Bernhard (1911 – 2004), da Holanda; o primeiro-ministro belga Paul Van Zeeland (1893 – 1973), o conselheiro político polonês Joseph Retinger (1888 – 1960) e o holandês Paul Rijkens, então presidente da multinacional Unilever. Hoje o comunismo não é mais uma ameaça, mas o clube continua a se reunir anualmente.
O nome Bilderberg, aliás, foi tirado do primeiro hotel em que o encontro ocorreu, em 1954, o Hotel de Bilderberg, em Oosterberg, na Holanda. No ano passado, foi realizado no resort Astir Palace, em Atenas, na Grécia. Para o encontro deste ano, o local ainda é incerto, para não atrair curiosos nem ativistas de plantão. Por esse mesmo motivo, o Bilderberg é e sempre será alvo de teorias da conspiração.
By Malkovit.
Nenhum comentário:
Postar um comentário